Tracoma
(CID-10:
A71)
Introdução clínica e
epidemiológica
É uma conjuntivite clamidiana de início súbito ou insidioso, caracterizada pela presença de folículos linfóides e inflamação conjuntival difusa (hipertrofia papilar), sobretudo no rebordo conjuntival da pálpebra superior; esta inflamação pode originar um processo de vascularização superficial da córnea ("pannus"), com formação de escaras conjuntivais (querato-conjuntivite; triquíase; entrópio).
O
agente etiológico é a
Chlamydia trachomatis,
serótipos A,
B,
Ba e
C, e o seu reservatório é o homem
(doente
ou portador);
o período de incubação habitual é de
5-12
dias. A transmissão faz-se sobretudo pelo contacto directo com secreções oculares e
nasofaríngeas infectadas
(através
dos dedos),
ou através de fómites contaminadas
(toalhas,
vestuário, etc.)
e o período de transmissão mantém-se enquanto persistirem as lesões exsudativas
contaminantes; as moscas também podem servir de veículo para a disseminação da
doença, nomeadamente a
Musca sorbens e a
Hippelates. Na ausência de tratamento a infecção
pode persistir vários anos; em regiões endémicas, as reinfecções são frequentes.
Sem
o apoio laboratorial, no estadio inicial da doença é muito difícil efectuar-se o
diagnóstico diferencial entre o tracoma e a conjuntivite clamidiana pelos serótipos
D e
K,
que ocorre sobretudo em adultos sexualmente activos.
Deve considerar-se também o diagnóstico diferencial entre o tracoma e as seguintes
situações clínicas: conjuntivite neonatal,
molluscum
contagiosum das pálpebras, infecção estafilocócica crónica das pálpebras,
reacções a colírios e lentes de contacto, e linfogranuloma venéreo
(clamidiano).
O
controlo de doentes e contactos
(sobretudo
dos contactos íntimos, familiares e companheiros de sala de aula)
inclui o reforço das medidas de higiene individual e a investigação das possíveis
fontes de contágio; o controlo dos doentes alicerça-se sobretudo na desinfecção de
secreções e fómites infectadas, e no tratamento tópico com colírios ou pomadas
(tetraciclina, eritromicina, sulfonamidas, azitromicina).
Critérios laboratoriais de
diagnóstico
Detecção dos corpos intracelulares elementares da
C. trachomatis, em amostras de escaras
conjuntivais, com coloração pelo método Giemsa, ou
Detecção da
C.
trachomatis por imunofluorescência, após fixação com metanol, em amostras de
escaras conjuntivais, ou
Detecção antigénica da
C. trachomatis, através de um teste
imuno-serológico, ou
Isolamento-cultura do agente etiológico.
Classificação dos casos
Caso confirmado:
doença confirmada laboratorialmente, ou com quadro clínico compatível relacionado
epidemiologicamente com um caso confirmado.
Nota
O tracoma é uma
Doença de Declaração Obrigatória em Macau.
Só os casos confirmados devem ser notificados à autoridade sanitária pelos médicos
clínicos e laboratórios de análises.