Educação para a Saúde

Molusco Contagioso

Molluscum contagiosum

Apresentação (slides)

O molusco contagioso é uma doença viral da pele, cujo agente etiológico pertence à Família dos Poxviridae, Género dos Molluscipoxvirus, havendo pelo menos duas espécies que se diferenciam por clivagem das endonucleases de ADN.

Apresenta-se sob a forma de pápulas firmes, esféricas, de superfície lisa, com umbilicação central. A maior parte tem 2-5 mm de diâmetro, no entanto podem surgir pápulas com mais de 15 mm de diâmetro. As lesões podem ser da cor da pele, esbranquiçadas, translúcidas ou amareladas. Nos adultos as lesões localizam-se maioritariamente nos quadrantes inferiores do abdómen, região púbica, genitais ou na região interna das coxas. Nas crianças, as lesões apresentam-se mais frequentemente a nível da face, tórax e extremidades proximais.

Os indivíduos imunocompetentes apresentam em média 15-35 lesões; por sua vez, os imunocomprometidos podem apresentar centenas de lesões disseminadas pelo corpo, nomeadamente na face. Ocasionalmente as lesões são pruriginosas e apresentam uma orientação linear, o que sugere auto-inoculação. Em alguns pacientes que apresentam várias lesões, estas podem confluir e formar uma placa.

É uma doença com distribuição mundial, cujo reservatório é o ser humano. Admite-se que se transmite por três vias: por contacto directo, por fómites contaminadas, e por auto-inoculação. O período de incubação pode ir de 7 dias a 6 meses, sendo o período de transmissão desconhecido; no entanto, admite-se que corresponde ao período de presença das lesões.

É uma doença habitualmente benigna e auto-limitada, desaparecendo as lesões ao fim de 6-12 meses. Cada lesão tem uma semi-vida de 2-3 meses, podendo desaparecer espontaneamente ou como resultado de uma resposta inflamatória (após trauma, ou secundária a infecção bacteriana).

A doença pode ser encontrada em qualquer idade, no entanto é mais frequente em crianças, sendo mais comum em indivíduos infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana. O diagnóstico é clínico, podendo ser confirmado histologicamente. Sem tratamento o molusco contagioso pode persistir durante 6 meses a 2 anos, havendo relatos de lesões que persistem cerca de 4 anos.

O tratamento consiste na remoção das lesões por processos mecânicos ou químicos. Como exemplos de tratamentos mecânicos referem-se a crioterapia, a curetagem e a laserterapia. Os tratamentos químicos podem ser orais ou tópicos. Em crianças usa-se a cimetidina oral, devido ao facto destas terem medo da dor e para evitar cicatrizes. Em adultos do sexo masculino pode usar-se a podofilotoxina tópica, mas não é recomendada em mulheres grávidas, pois presume-se que possa causar toxicidade fetal. Outras opções para aplicação tópica são o ácido salicílico, o hidróxido de potássio, a tretinoína e a cantaridina, entre outros. Estes tratamentos apresentam bons resultados em doentes imunocompetentes. Nos doentes imunocomprometidos utiliza-se interferão intralesional (principalmente para tratar lesões faciais). Para além dos tratamentos anteriormente indicados pode ainda recorrer-se à terapia com radiações, no entanto, apresenta poucos benefícios.

As complicações mais frequente são a sobre-infecção bacteriana e as cicatrizes. Quando o indivíduo afectado deixa de apresentar lesões na pele considera-se curado, podendo contrair novamente a doença se voltar a contactar com o vírus, pois a doença não confere imunidade.

Como medidas preventivas, devem ser tomados alguns cuidados, mesmo nas actividades da vida diária, que são mencionados em seguida. Deve evitar-se o contacto directo com doentes infectados, os doentes e seus contactos devem ter cuidados de higiene (não partilhar escovas de cabelo, escovas dos dentes, relógios de pulso, sabão, tolhas com indivíduos doentes), e evitar tocar, espremer ou coçar as pápulas. As mãos devem ser lavadas frequentemente. As zonas afectadas devem ser mantidas limpas e cobertas com roupa ou com penso, devendo destapar-se no período nocturno, de forma de permitir que a pele nesses locais não fique demasiadamente húmida. Os indivíduos afectados não devem participar em desportos de contacto ou em que tenham que partilhar material desportivo, nem praticar natação, excepto se as lesões forem cobertas com penso impermeável.

O isolamento não está indicado. Não é necessário proceder-se à desinfecção dos locais utilizados pelo doente.

Bibliografia

Centers for Diseases Control and Prevention (CDC). Molluscum contagiosum [online]. Atlanta: CDC; 2006 [acedido em 3 de Fevereiro de 2009].

Disponível em: http://www.cdc.gov/ncidod/dvrd/molluscum/clinical_overview.htm

Heymann, David L, ed. Control of communicable diseases manual. 18th ed. Washington: American Public Health Association; 2006.

Murray PR, Rosenthal KS, Kobayashi GS, et al. Microbiologia Médica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan SA; 2000.


1 Prelector: Gomes Pereira médico do Internato Médico de Saúde Pública

Sessão de educação para a saúde dirigida a professores e encarregados de educação de alunos de uma escola do ensino básico

Portal de Saúde Pública, 2009