Recém nascidos de muito baixo peso: morbimortalidade no Centro Hospitalar Conde S. Januário (Macau)

Estudo original publicado na Revista Portuguesa de Pediatria (1994; 25:17-23)

Resumo

O baixo peso ao nascer e a prematuridade constituem um problema importante da pediatria-neonatologia. Pretendendo-se determinar a prevalência do "muito baixo peso ao nascer" e quantificar alguns aspectos relativos à sua morbimortalidade, efectuou-se um estudo descritivo transversal englobando a totalidade dos recém-nascidos com peso inferior a 1500 gramas que, no primeiro semestre de 1991, estiveram internados na Unidade de Cuidados especiais ao Recém Nascido do Centro Hospitalar Conde S. Januário.

Do universo de 12 recém-nascidos de muito baixo peso, 3 (3/12) tinham peso inferior a 1000 gramas. Metade (6/12) das gestações foram de risco e a vigilância pré-natal confirmou-se em 10 (10/12) casos. A asfixia neonatal grave ocorreu em 4 (4/12) crianças, tendo 2 (2/4) falecido no período neonatal. A síndrome de dificuldade respiratória verificou-se em 11 (11/12) crianças e a icterícia neonatal surgiu em 7 (7/12). Houve 2 (2/12) crianças com persistência do canal arterial e uma (1/12) com enterocolite necrosante, tendo esta apresentado sepsis neonatal. Só 9 (9/12) crianças sobreviveram até à data da alta hospitalar, e pela idade corrigida só 2 (2/9) tiveram alta com o peso acima do percentil 10. Após a alta hospitalar não se registaram anomalias neurológicas, e até aos 5 meses de idade nenhuma daquelas crianças, seguidas na consulta de desenvolvimento, apresentou as curvas do crescimento acima do percentil 10.

Mais importante que o tratamento e o aumento das taxas de sobrevivência dos recém-nascidos de muito baixo peso, é a prevenção da prematuridade e do baixo peso ao nascer, de modo a reduzir-se a mortalidade neonatal e as sequelas dos sobreviventes.