Higiene Alimentar
Código de Boas Práticas Boas Práticas de Higiene e boas Práticas de Fabrico |
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Este documento pretende auxiliar os responsáveis pelas unidades a aplicar, na prática, todas as regras de higiene descritas no Código de Boas Práticas de Higiene. Este plano permite saber o que há para limpar, quando se deve limpar, que produtos e materiais a utilizar e como efectuar cada tarefa, quer na limpeza, quer na desinfecção.
A dosagens dos produtos a utilizar (detergentes e desinfectantes), assumem um papel de extrema importância. Uma dosagem menor do que a indicada poderá não ser a suficiente para uma limpeza ou desinfecção eficaz, e uma dosagem superior poderá ser de difícil remoção e consequente contaminação química dos alimentos. O melhor procedimento será ver o rótulo e seguir sempre as indicações do fabricante do produto.
A primeira etapa de um programa de higienização é a limpeza. Este é um processo, fundamentalmente físico, cujo objectivo é a separação ou o desprendimento de todo o tipo de sujidade agarrada às superfícies, objectos e utensílios e a posterior eliminação da solução detergente durante a fase de enxaguamento final. Aquando o processo de limpeza, há que ter em atenção o tipo de sujidade que se pretende remover; daí depende o tipo de detergente a utilizar e em que dosagem.
A sujidade é constituída geralmente por um aglomerado de partículas heterogéneas, tanto do ponto de vista da sua origem, natureza química, estrutura física e tamanho, que se encontram unidas. Origem da sujidade:
Animal - gorduras e sebos (e.g. carnes);
Vegetal - óleos e as gorduras vegetais (e.g. azeite, óleos alimentares);
Mineral - óxidos e os depósitos minerais (e.g. incrustações calcárias).
Todas as superfícies, mesmo aquelas que são designadas como lisas (ex.: aço inoxidável), possuem uma determinada rugosidade. Tendo em consideração que o tamanho dos microrganismos é microscópico, compreende-se facilmente que, mesmo nessas superfícies, uma pequena rugosidade pode ser a suficiente para permitir a fixação de microrganismos.
A limpeza como única operação de higienização apresenta uma série de limitações devidas, principalmente a:
Ausência de acção microbiológica por parte dos detergentes;
Deficiências dos processos de limpeza, quer sejam de carácter técnico, quer sejam de problemas de factor humano;
Inadequada concepção dos estabelecimentos e/ou equipamentos.
Assim sendo, é necessário completar a higienização com a desinfecção. Esta é uma operação cujo objectivo principal é destruir os microrganismos, em especial os patogénicos, que se podem encontrar e contaminar as superfícies, as mãos, e o ambiente, e consequentemente também os alimentos
Se fosse exclusivamente aplicada a desinfecção, também se constatariam deficiências na higienização das instalações, equipamentos e utensílios, dado que na presença de matéria orgânica, como gorduras e proteínas, a eficácia da acção dos desinfectantes é substancialmente reduzida podendo mesmo tornar-se nula.
Na selecção de um agente de limpeza deverá ser tido em consideração:
A autorização da utilização do produto para o uso pretendido;
O tipo de contaminação/sujidade presente na superfície;
O tempo disponível para as operações de limpeza;
A dureza da água disponível para as operações de limpeza
A natureza das superfícies a limpar;
Os meios disponíveis para o enxaguamento das superfícies;
O equipamento utilizado nas operações de limpeza;
As práticas utilizadas nas operações de limpeza e a experiência e formação dos operadores nelas envolvidas;
A acessibilidade das áreas e das superfícies para a realização das operações de limpeza.
Para qualquer tipo de detergente e sujidade, a eficiência da limpeza depende de vários factores básicos:
Tempo de contacto – é necessário assegurar o tempo adequado para que o detergente penetre na sujidade e a solte da superfície;
Temperatura – a eficácia da generalidade dos detergentes aumenta com o aumento da temperatura;
Ruptura física da sujidade – a intensidade de acção mecânica para uma adequada limpeza das superfícies;
Química da água – a água possui iões dissolvidos, tais como os iões cálcio e magnésio, que podem afectar a eficácia do agente de limpeza.
A selecção do agente desinfectante deverá ter em conta os seguintes aspectos:
O tipo de superfície a ser desinfectada;
O nível de contaminação e sujidade existente;
O tempo disponível para a operação de desinfecção;
O método de aplicação;
As características da água de enxaguamento;
A compatibilidade com os agentes de limpeza;
O efeito de corrosão do produto;
As propriedades em termos de absorção do produto;
O tempo de reacção necessário;
O tipo de microrganismos potencialmente presentes.
Na imagem seguinte esquematiza-se as principais etapas de um processo de limpeza e desinfecção:
Preparação |
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limpeza a seco Eliminação de resíduos grosseiros |
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Pré-enxaguamento |
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Limpeza |
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Enxaguamento |
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Desinfecção |
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Enxaguamento |
Preparação - A electricidade de todos os equipamentos a limpar deve ser desligada, se possível, particularmente quando for utilizada água nas operações de limpeza. Deve-se também proceder à desmontagem dos equipamentos relativamente aos quais é necessário realizar esta actividade de forma a realizar uma adequada limpeza. |
Limpeza a seco - Devem ser retirados os resíduos maiores, que sejam passíveis de remoção manual. Esta operação permite facilitar a limpeza nos passos posteriores e permite reduzir o consumo de água e de produtos de limpeza. A utilização de água neste passo é de evitar. |
Pré-enxaguamento - O equipamento ou superfície deve ser pré-enxaguado, por forma remover resíduos que se encontrem pouco aderentes à superfície. |
Limpeza - A operação de limpeza implica o humedecimento da superfície e a penetração dos agentes de limpeza no equipamento/superfície e na própria sujidade. A reacção dos agentes activos das soluções com os constituintes da sujidade é que vai facilitar a eliminação das sujidades e evitar que estas se voltem a depositar noutros pontos no decurso da limpeza. Este passo é o mais importante para eliminar das superfícies os resíduos de alimentos. A operação de limpeza permite também eliminar parte dos microrganismos que eventualmente estejam presentes, em particular aqueles que se encontravam não directamente sobre a superfície mas sobre os resíduos de alimentos. |
Enxaguamento e desinfecção - Após a limpeza deve-se proceder à remoção dos resíduos do produto de limpeza e da sujidade. Este enxaguamento é efectuado com água. Dependendo das necessidades, inerentes à natureza dos produtos e dos perigos associados, após estas operações de limpeza poderá ser ainda necessário proceder a operações de desinfecção. Quando tal acontecer, este passo prepara as superfícies limpas para a desinfecção, dado que é necessário remover todo o detergente para que o agente de desinfecção seja eficaz. Após a aplicação do agente desinfectante deverá proceder-se a novo enxaguamento para os produtos que o requerem, como os desinfectantes clorados. Dependendo da natureza e da quantidade da sujidade poderá ser possível realizar simultaneamente a limpeza e a desinfecção utilizando um produto que reúna as características de um agente de limpeza e as de um agente de desinfecção. |
A execução de um plano de limpeza e desinfecção implica:
Assegurar a cobertura de todas as partes do estabelecimento, de todos os equipamentos e utensílios relevantes;
A descrição dos equipamentos, nomeadamente dos procedimentos de montagem e desmontagem e outros requisitos técnicos, quando necessários;
Descrever os procedimentos de limpeza e desinfecção para todos os equipamentos, utensílios e áreas, descrevendo o modo de realização das actividades, nomeadamente no que respeita:
aos produtos químicos de limpeza e desinfecção a utilizar;
à respectiva concentração das soluções;
ao seu modo de aplicação, incluindo o tempo de contacto com as superfícies a higienizar;
O conhecimento dos produtos químicos a utilizar.
A descrição exaustiva do plano de limpeza e desinfecção, que deve indicar de forma clara:
os elementos abrangidos no plano;
os produtos e as suas condições de aplicação;
a frequência de limpeza e desinfecção;
as responsabilidades pela realização das actividades.
Procedimentos, de verificação, para avaliação da eficácia do plano de limpeza e desinfecção;
Assegurar a evidência da realização das actividades de limpeza e higienização através do registo de actividades realizadas.
Periodicidade da limpeza e desinfecção
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diária |
semanal |
mensal |
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Local de preparação |
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Pavimento |
L |
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Paredes das zonas de trabalho |
L |
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Caleiras de escoamento |
L + D |
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Todas as torneiras e cabos |
L + D |
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Pias e lavabos |
L + D |
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Fornos |
L |
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Blocos de cozedura |
L |
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Recipientes do lixo |
L + D |
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Janelas e beirais |
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L |
Portas |
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L |
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Puxadores de portas |
L + D |
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Exaustores |
L |
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Grelhas |
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L* |
Tectos |
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L |
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Utensílios e aparelhos |
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Tábuas e superfícies de trabalho |
L + D |
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Utensílios |
L + D |
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Aparelhos de preparação |
L + D |
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Máquinas de preparar carnes e facas eléctricas |
L + D |
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Misturadores e batedeiras |
L + D |
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Fritadeiras |
L |
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Banho-maria |
L |
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Microondas, fornos e marmitas |
L |
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Instalações sanitárias |
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Retretes e urinóis |
L + D |
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Torneiras e puxadores |
L + D |
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Lavabos |
L + D |
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Pavimento |
L + D |
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Paredes |
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L + D |
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Vestiários |
L |
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Locais de armazenagem |
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Todos os puxadores |
L + D |
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Pavimentos |
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L |
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Paredes e prateleiras |
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L* |
Veículos de transporte |
L |
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Refrigeradores e armários frigoríficos |
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L |
L + D |
Congeladores |
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L* |
Escovas |
L + D |
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Local de armazenagem dos lixos |
L + D |
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Salas de refeições |
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Mesas |
L |
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Cadeiras |
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L |
Pavimentos |
L |
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Portas e janelas |
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L |
Paredes |
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L* |
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Vestuário e acessórios |
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Vestuário de trabalho |
M |
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Guardanapos e toalhas |
M |
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L: limpar D: desinfectar M: mudar L*: limpar todos os 3 meses |
Plano geral de higienização
Unidade: _______________ |
Plano geral de higienização |
Data: __/__/____ |
Pág. __/__ |
Área | Equipamento superfícies e utensílios | Actividades | Frequência | Produto | Responsável | Registo |
Plano mensal de higienização
Unidade: _______________ |
Plano mensal de higienização |
Data: __/__/____ |
Pág. __/__ |
Equipamento |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
12 |
13 |
14 |
15 |
16 |
17 |
18 |
19 |
20 |
21 |
22 |
23 |
24 |
25 |
26 |
27 |
28 |
29 |
30 |
31 |
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Responsável |
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Instrução de trabalho - higienização
Unidade: _______________ |
instrução de trabalho - higienização |
Data: __/__/____ |
Pág. __/__ |
Equipamento e superfícies de trabalho |
Produto |
Responsável |
Registo |
Principais boas práticas de higiene em estabelecimentos
Usar vestuário adequado e exclusivo sempre que manipular detergentes e/ou desinfectantes na realização de operações de limpeza e desinfecção;
Nunca manipular alimentos no decorrer das operações de limpeza e/ou desinfecção;
Manter todos os produtos de limpeza e desinfecção nas embalagens originais e garantir que o rótulo não é danificado;
Antes de utilizar qualquer detergente e/ou desinfectante, consultar sempre as respectivas fichas técnicas ou os rótulos;
Caso não seja possível identificar o produto, informar o responsável de imediato;
Nunca misturar diferentes produtos de limpeza ou desinfecção, a não ser em situações devidamente indicadas;
Todos os manipuladores de alimentos são responsáveis pela higienização das superfícies, equipamentos e utensílios por eles usados, devendo cumprir os planos de higienização pré-estabelecidos;
É extremamente importante respeitar as indicações de dosagem, de tempo de contacto e modo de aplicação do desinfectante;
A temperatura da água na qual o desinfectante é diluído não pode ser demasiado elevada para não desactivar o produto;
A desinfecção só deve ser realizada em situações estritamente necessárias;
Nunca utilizar vassouras para varrer o pavimento das cozinhas e salas de refeições;
Os tectos, paredes, portas, exaustores, extractores e tectos ventilados, devem ser higienizados exclusivamente quando não estiverem a ser manipulados ou confeccionados alimentos;
Quando se higienizar as portas e janelas, deve-se dar especial atenção aos manípulos;
Assegurar que os ralos de escoamento se encontram sempre limpos, sem gordura ou restos de comida e desentupidos;
Desmontar, lavar e desinfectar todos os equipamentos que contactam directamente com os alimentos, após cada utilização;
Proteger devidamente os equipamentos, sempre que estes não estejam a ser utilizados;
Colocar o conteúdo do equipamento de frio – câmara de refrigeração ou conservação de congelados – em equipamento alternativo. Caso não seja possível, o conteúdo das câmaras deverá ser retirado, devendo a higienização ser realizada o mais rapidamente possível;
Na higienização do equipamento de frio, deverá ser dada especial atenção à borrachas de isolamento, puxadores das portas, prateleiras e paredes;
Lavar e desinfectar os recipientes do lixo, sempre que se proceder ao seu despejo;
Rejeitar todas as louças ou outros utensílios que apresentem fissuras;
Remover todos os restos de alimentos antes de colocar a louça na máquina de lavar;
No final de cada operação de higienização, assinar a folha de controlo de operações, sempre que isso seja exigido.
Nota: a execução das fichas de lavagem e desinfecção deverá ser de acordo com as características do estabelecimento, instalação e equipamentos.
Cláudia Silva © Portal de Saúde Pública, 2007