Qualidade da Água de Abastecimento

= Relatório =

Introdução

No Concelho de Olhão existem fundamentalmente quatro sistemas de abastecimento independentes, todos eles com origem em captações profundas ou furos:

Resultados Analíticos das Amostras de Água

(colhidas nos diversos sistemas de abastecimento público em 1996)

Os técnicos do centro de saúde colheram um total de 88 amostras ao nível do consumidor (excluídas as colheitas efectuadas na origem):

1- Sistema de Olhão:

Análises G1 (bacteriológicas). Neste sistema verificou-se contaminação bacteriológica em 10 (23%) das amostras. Esta contaminação foi geralmente devida a germes mesofilos não tendo, por isso, gravidade sanitária, denunciando apenas envelhecimento ou problemas de manutenção da canalização existente. Apenas num caso (2%) esta contaminação foi a Coliformes totais. É de realçar que foi medido o Cloro residual em 21 amostras, sendo 16 (76%) inferior ou igual a 0,2 mg/l e, destas, 7 (33%) igual a zero.

Análises G2 (substâncias físico-químicas cuja existência controlada não provoca problemas sanitários). As 11 análises efectuadas têm valores superiores ao admissível, segundo a lei, devido fundamentalmente a:

– cloretos , sódio e sulfatos elevados;

– dureza e cálcio elevados.

Análises G3 (substâncias físico-químicas cuja existência é indesejável). As 4 análises efectuadas têm valores superiores ao recomendável, segundo a lei, devido a aumento de nitratos.

2- Sistema de Quelfes-Fuzeta:

Análises G1. Neste sistema verificou-se contaminação bacteriológica apenas em 1 (6%) das amostras e, sem gravidade sanitária, devida a germes mesofilos. É de realçar que foi medido o Cloro residual em 11 amostras, sendo apenas 5 (45%) inferior ou igual a 0,2 mg/l e nenhuma igual a zero.

Análises G2. Das 6 análises efectuadas, 2 têm valores superiores ao admissível e 4 valores superiores ao recomendável, segundo a lei, devido fundamentalmente a:

– cloretos , sódio e sulfatos elevados;

– dureza e cálcio elevados.

Análises G3. Em 1996 não foi efectuada nenhuma análise G3 neste sistema.

3- Sistema de Pechão:

Análises G1. Neste sistema verificou-se contaminação bacteriológica em 5 (42%) das amostras. Esta contaminação foi geralmente devida a germes mesofilos. Apenas num caso (8%) esta contaminação foi por Coliformes totais e fecais, correspondendo a eventual falha no sistema de tratamento (amostra colhida no dia 7 de Maio), atendendo ter ocorrido com níveis de cloro residual nulos. É de realçar que foi medido o cloro residual em 9 amostras, tendo todas um nível inferior ou igual a 0,2 mg/l e, destas, 6 (67%) tinham níveis nulos.

Análises G2. Das 4 análises efectuadas 1 tinha valores superiores ao admissível e 3 superiores aos limites recomendáveis, segundo a lei, devido fundamentalmente a:

– cloretos , sódio e sulfatos elevados;

– dureza e cálcio elevados.

Análises G3. A única análise efectuada tinha um valor superior ao admissível, segundo a lei, devido a aumento de nitratos.

4- Sistema de Moncarapacho:

Análises G1. Neste sistema verificou-se contaminação bacteriológica em 3 (25%) das amostras. Em 2 casos esta contaminação foi devida a germes mesofilos. Apenas num caso (8%) esta contaminação foi por Clostridium perfringens, correspondendo a eventual falha no sistema de tratamento. É de realçar que foi medido o Cloro residual em 9 amostras, sendo 8 (89%) inferior ou igual a 0,2 mg/l e destas 3 (33%) igual a zero.

Análises G2. Das 4 análises efectuadas 2 têm valores superiores ao admissível e outras 2 valores superiores ao recomendável, segundo a lei, devido fundamentalmente a:

– cloretos , sódio e sulfatos elevados;

– dureza e cálcio elevados.

Análises G3. As 2 análises efectuadas têm valores superiores ao recomendável, segundo a lei, devido a aumento de nitratos.

Conclusão

Embora o número de amostras colhidas sejam per si insuficientes para tirar conclusões definitivas, a verdade é que confirmam os resultados já existentes em anos anteriores. Assim, como se pode verificar no quadro-resumo seguinte, podem tirar-se as seguintes ilações:

Qualidade da água nos quatro sistemas de abastecimento público

Sistema

Amostras com níveis nulos de cloro residual

Amostras com contaminação bacteriológica superior ao admissível

Amostras com contaminação química superior ao admissível

Amostras com contaminação por nitratos

Olhão

33%

2%

100%

Todas superiores ao recomendável

Quelfes-Fuzeta

  0%

0%

 33%

Não foi efectuada colheita

Pechão

67%

8%

 25%

Todas superiores ao admissível

Moncarapacho

33%

8%

 50%

Todas superiores ao recomendável

Recomendações

A qualidade bacteriológica da água pode melhorar significativamente, caso haja um maior rigor na manutenção dos níveis mínimos de cloro residual, sendo inaceitável a elevada frequência de falhas no sistema de desinfecção.

No que diz respeito à qualidade química da água, embora possa melhorar com a adopção de algumas medidas enérgicas, actualmente a solução mais exequível passa pela captação noutros locais, nomeadamente no sistema de barragens em construção.

Este relatório refere-se à qualidade da água no Concelho de Olhão em 1997 e constitui um exemplo possível de relatório escrito sobre a qualidade da água de consumo (nos concelhos do Algarve), tendo em conta as análises dos Centros de Saúde. Como sempre, foi enviado uma cópia à Câmara Municipal e diversas entidades oficiais

A informação está, "felizmente", desactualizada, atendendo à melhoria verificada na qualidade da água abastecida a partir do início de 1999, devido à ligação ao sistema de barragens Beliche-Odeleite

António Paula Brito de Pina © Portal de Saúde Pública, 1998