Educação Para a Saúde

Efeitos Nocivos dos Raios Solares

Geralmente é no aproximar do Verão que se torna imperativo a divulgação de alguns esclarecimentos sobre os problemas derivados de uma exposição excessiva aos raios solares.

De facto, devido à redução da camada do ozono no nosso país (em 1992 registava uma redução de 4% em relação à média dos 12 anos anteriores) os efeitos nocivos desta exposição têm vindo a aumentar.

Estes efeitos podem ser imediatos queimaduras solares e insolação e ter consequências a longo prazo envelhecimento precoce da pele e, certamente o mais temido de todos, o cancro da pele.

No caso específico do cancro da pele (melanoma) sabe-se que é actualmente a forma de cancro que está a aumentar mais rapidamente no mundo, duplicando a sua incidência de 10 em 10 anos, o que é devido em 90% dos casos à exposição excessiva ao Sol.

Quando se fala em exposição excessiva ao Sol todos pensamos na praia, mas é importante lembrar-nos que também nas actividades da montanha, devido à menor altura de atmosfera para absorver os raios solares, há frequentemente exposição excessiva.

Genericamente, os conselhos a dar para evitar os efeitos nocivos do abuso do Sol são:

1) Evitar a exposição entre as 11 e as 16 horas, mesmo em dias enevoados;

2) No primeiro dia de praia, permanecer pouco tempo ao Sol, aumentando gradualmente nos dias seguintes;

3) Aplicar sempre um protector solar adaptado ao respectivo tipo de pele, de 3 em 3 horas e sempre que tome banho. Esta aplicação deve ser feita mesmo quando está à sombra porque a areia, a água e o cimento são superfícies que reflectem mais de metade da radiação solar recebida, pelo que é possível apanhar queimaduras mesmo nestas condições.

Como já foi referido, o creme protector deve ser adaptado ao tipo de pele. Sucintamente poderemos referir que:

1) Os indivíduos loiros, ruivos ou de pele clara, deverão utilizar um creme com índice de protecção superior a 15;

2) Os indivíduos de pele morena deverão utilizar um creme com índice de protecção superior a 8;

3) Os indivíduos de pele escura (indianos ou árabes) ou mesmo negra deverão utilizar um creme com índice de protecção superior a 4, embora só nos primeiros dias e apenas para evitar a desidratação da pele.

Apesar de tudo, não podemos deixar de referir que segundo os entendidos na matéria, os melhores protectores solares não são estes cremes modernos, mas sim o que já se usava no tempo dos nossos avós: o chapéu de aba larga e o vestuário.

De facto, embora o Sol seja necessário para a síntese de vitamina D3, para isso bastará expormo-nos num passeio ou em brincadeiras no meio da rua.

Assim, é preciso que fique bem claro que ninguém precisa de banhos de Sol, na praia ou na montanha, e muito menos as crianças que são aquelas que correm maiores riscos. Algumas destas crianças, porque são imprudentemente expostas ao Sol, desenvolverão 20 ou 30 anos mais tarde o famigerado cancro da pele, do qual hão-de falecer.

Por isso, os cuidados para com as crianças mais novas - especialmente as que têm menos que 12 meses - deverão ser redobrados, nomeadamente, não deverão expor-se ao Sol ou, caso se exponham, deverão usar vestuário e um creme protector de índice superior a 15 na pele exposta, cuja aplicação deverá iniciar-se 30 minutos antes de entrar na praia e, seguidamente, todas as horas.

Lembre-se que há mar e mar, há que ir e voltar, mas também há a radiação solar...

António Paula Brito de Pina © Portal de Saúde Pública, 1998