Esta doença bacteriana, caracterizada pela formação de granulomas, é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade em Macau e no mundo. A infecção inicial é geralmente assintomática e o quadro clínico depende da sua localização (geralmente pulmonar). A tuberculose extrapulmonar pode atingir todos os orgãos e tecidos do organismo.
O
homem é o principal reservatório do agente etiológico
(Mycobaterium tuberculosis e
M. africanum),
embora os bovinos também o possam ser
(M. bovis).
O período de incubação é de 4-12 semanas para a
primoinfecção,
variando de meses a anos na doença clínica. A transmissão faz-se sobretudo por via
aérea
(gotículas
de expectoração),
e mais raramente através da ingestão de leite de vaca
(não
fervido ou pasteurizado);
o risco de transmissão da doença só desaparece quando a expectoração deixar de ser
bacilífera
(ou
dois meses após a instituição de terapêutica tuberculostática adequada).
O
controlo dos doentes inclui, entre outras medidas pertinentes,
a)
antibioterapia
(isoniazida,
rifampicina, etambutol, pirazinamida, estreptomicina),
segundo protocolos terapêuticos adequados e individualizados, com ou sem toma em
regime de observação directa por um profissional de saúde,
b)
precauções respiratórias, sobretudo nos doentes hospitalizados com tuberculose
pulmonar, e
c)
evicção escolar , para a tuberculose pulmonar. O controlo dos contactos deve considerar,
além de outras medidas relevantes,
a)
prova de Mantoux
(teste
tuberculínico),
b)
quimioprofilaxia
(isoniazida,
rifampicina, pirazinamida),
c)
vacinação com
BCG,
dos contactos com teste tuberculínico negativo, principalmente se forem crianças, e
d)
evicção escolar
(tuberculose
pulmonar).
A
definição de um caso de tuberculose
deve considerar sempre a localização da doença
(pulmonar
ou extrapulmonar)
e as suas características bacteriológicas
(cultura
e/ou esfregaços)
e clínicas
(recaída
ou caso novo).
Nas secções seguintes apresenta-se a definição dos casos de tuberculose e a
classificação internacional da tuberculose pulmonar.
Tuberculose extrapulmonar:
|
Tuberculose
pulmonar:
Tuberculose pulmonar com esfregaço positivo:
1.
Indivíduo
com, pelo menos, dois exames directos positivos
(microscopia),
ou
2.
Indivíduo
com um exame directo positivo e com anomalias radiográficas consistentes com
doença pulmonar activa, ou
3.
Indivíduo
com um exame directo e uma cultura positivos. Tuberculose pulmonar com esfregaço negativo:
1.
Indivíduo
com sintomas sugestivos de tuberculose e três culturas negativas, pelo menos, e
com anomalias radiográficas consistentes com doença pulmonar activa, seguida da decisão
de prescrição de tuberculostáticos, ou
2.
Indivíduo
com exame directo negativo mas com três culturas positivas. |
Caso novo:
Indivíduo
a que nunca foi prescrita terapêutica antituberculosa, ou que não tomou
tuberculostáticos nas últimas quatro semanas. |
Recaída:
Indivíduo
que foi considerado curado, mas que posteriormente apresenta de novo exames
bacteriológicos positivos. |
Classificação da tuberculose
pulmonar
Classe 0:
|
Classe I:
|
Classe II:
|
Classe III:
|
Classe IV:
|
Classe V:
|
Isolamento-cultura do
Mycobacterium tuberculosis numa amostra clínica,
ou
Exame directo positivo em, pelo menos, duas amostras de
expectoração
(se
não for possível efectuar a cultura).
Caso suspeito:
caso com sinais/sintomas suspeitos, que aguarda a confirmação laboratorial ou uma
avaliação clínica completa e adequada
(inclui
a classe V da tuberculose pulmonar).
Caso confirmado:
doença confirmada laboratorialmente, ou quadro clínico compatível com a
definição de caso de tuberculose
(pulmonar
ou extrapulmonar),
excepto para as classes 0,
I,
IV e
V da tuberculose pulmonar.
A tuberculose
(todas
as formas)
é uma Doença
de Declaração Obrigatória em Macau. Os
casos suspeitos ou confirmados de tuberculose extrapulmonar ou pulmonar
(excepto
as classes 0,
I e
IV)
devem ser notificados à autoridade sanitária pelos médicos clínicos e laboratórios de
análises. Os indivíduos com diagnóstico de «tuberculose extrapulmonar e
pulmonar», são considerados como casos de tuberculose pulmonar.
A tuberculose é uma
doença
evitável pela vacinação. Embora a eficácia da vacina de bacilos
Calmette-Guérin (BCG)
seja questionável em adolescentes e adultos, a sua administração constitui a
estratégia de eleição para a prevenção da tuberculose em crianças, principalmente
das suas formas miliar e meníngea. O PVM inclui
a administração de uma dose de
BCG
a todos os recém-nascidos, e a revacinação de crianças aos 5-6 anos de idade
(antecedida
de prova de Mantoux negativa).
Além da vacinação de crianças e grupos de risco, o rastreio e tratamento adequado e
atempado dos indivíduos infectados são fundamentais para o sucesso dos programas de
controlo da tuberculose.
A ocorrência de tuberculose pulmonar em instituições
escolares implica a aplicação do
regime de evicção escolar
(Decreto-Lei
n.º 1/97/M, de 20 de Janeiro).
Para os indivíduos doentes e contactos, o período de afastamento da instituição
(isolamento
profilático)
deve manter-se até à apresentação de declaração médica comprovativa de ausência de
risco de contágio, passada com base em exame bacteriológico.