Tosse Convulsa (CID-10: A37)

Introdução clínica e epidemiológica

É uma doença bacteriana aguda do aparelho respiratório, caracterizada pelo início insidioso de tosse seca persistente que, após 1-2 semanas, evolui para tosse “canina” paroxística; os paroxismos são frequentemente acompanhados de “inspirações sibilantes” e terminam muitas vezes em episódios eméticos. A tosse convulsa, ou coqueluche, é uma doença muito contagiosa e a pneumonia bacteriana secundária é a principal causa de morte em crianças infectadas com a Bordetella pertussis.

O homem é o único reservatório do agente etiológico e o período de incubação é de 4-21 dias; a transmissão faz-se por via aérea (gotículas de expectoração).

O controlo dos doentes inclui a) precauções de isolamento respiratório, com b) desinfecção concomitante de secreções nasofaríngeas e fómites, c) antibioterapia (eritromicina), d) terapêutica sintomática e e) evicção escolar. O controlo dos contactos íntimos faz-se através de a) actualização do esquema vacinal, em crianças com menos de seis anos de idade, b) evicção escolar (não inferior a 5 dias) para as crianças com menos de sete anos de idade não vacinadas correctamente e c) quimioprofilaxia (eritromicina). Nos contactos não íntimos, se forem crianças até aos de seis anos de idade, deve efectuar-se a actualização da vacinação.

Critérios laboratoriais de diagnóstico

Isolamento da Bordetella pertussis, ou

PCR (polimerase chain reaction) positiva para a B. pertussis.

Classificação dos casos

Caso provável: quadro clínico compatível (ainda sem confirmação laboratorial e não relacionado epidemiologicamente com um caso confirmado).

Caso confirmado: doença confirmada laboratorialmente, ou quadro clínico compatível e relacionado epidemiologicamente com um caso confirmado.

Notas

A tosse convulsa é uma Doença de Declaração Obrigatória em Macau.  Todos os casos prováveis ou confirmados devem ser prontamente notificados à autoridade sanitária pelos médicos clínicos e laboratórios de análises.

É uma doença evitável pela vacinação e a sua prevenção primária alicerça-se na vacinação precoce dos grupos etários mais vulneráveis (crianças a partir dos dois meses de idade). O PVM inclui a administração de quatro doses da vacina específica inactivada (DTP/PDT), que deve ser administrada preferencialmente aos 2, 4, 6 e 18 meses de idade.

A ocorrência desta doença em instituições escolares implica a aplicação do regime de evicção escolar (Decreto-Lei n.º 1/97/M, de 20 de Janeiro). Para os indivíduos doentes, o período de afastamento da instituição (isolamento profilático) deve manter-se durante cinco dias após o início de antibioterapia correcta; na ausência de tratamento deve manter-se o afastamento pelo período de 21 dias após o aparecimento da tosse paroxística. Para os contactos com menos de sete anos de idade e não correctamente vacinados, o afastamento é de, pelo menos, cinco dias após o início de quimioprofilaxia adequada (eritromicina, 50mg/kg/dia).