Sífilis
(CID-10:
A50-A52)
Introdução clínica e
epidemiológica
Pode
ser uma doença aguda ou crónica, caracterizada clinicamente por:
a)
lesão primária, ou sífilis primária
(pápula
ou úlcera dura),
b)
erupção secundária da pele e membranas mucosas, ou
sífilis secundária
(exantema
generalizado),
c)
longo período de latência, e
d)
lesões tardias, ou sífilis terciária,
que podem atingir os sistemas nervoso central e cardiovascular, a pele, os ossos e
diferentes vísceras
(fase
terciária).
A
lesão primária surge cerca de
3
semanas
após a exposição e pode localizar-se nas regiões genital, anal e bucal; frequentemente
existem adenopatias satélites indolores e duras
(bobões).
Quando atinge o colo uterino e o recto, a sífilis primária pode não ser clinicamente
evidente. Cerca de
4-6
semanas
após a cura da lesão primária surge um exantema generalizado característico, que
atinge as palmas das mãos e as plantas dos pés, associado a adenopatias; este quadro
clínico têm duração variável, geralmente 2-6 semanas, podendo resolver
espontaneamente. Para os casos não tratados, entre as fases secundária e terciária
pode decorrer um período de latência de duração variável
(semanas
ou anos),
com possíveis recorrências das erupções siflíticas. A
sífilis congénita é consequência da infecção
in utero
(CID-10: A50),
e só os casos graves podem ser aparentes durante o período de recém-nascido.
O
reservatório do agente etiológico
(Treponema pallidum)
é
o homem, e o tempo médio de incubação é de 3 semanas
(variação:
9-90 dias).
A via de transmissão é sobretudo sexual, por contacto directo com secreções infectadas
(saliva,
sémen, sangue, secreções vaginais);
a transmissão também pode ocorrer com a transfusão de sangue infectado.
O
controlo dos indivíduos infectados
(doentes
e protadores)
faz-se através de antibioterapia
(penicilina
benzatínica; tetraciclina, doxiciclina),
e abstinência sexual até ao desaparecimento completo das lesões. O controlo dos
contactos inclui a pesquisa e investigação
(com
VDRL)
de
todos os parceiros/contactos sexuais e o seu tratamento profilático com penicilina
benzatínica. Na sífilis congénita deve
efectuar-se a investigação
(VDRL)
de todos os elementos da família nuclear; para os casos de uma progenitora com
sífilis terciária, a investigação deve incluir
os filhos.
Para
efeitos de vigilância epidemiológica, deve considerar-se
parceiro sexual todos os contactos
sexuais ocorridos
a)
nos
3
meses
anteriores ao início da lesão primária,
b)
nos
6
meses
anteriores ao início do exantema secundário, ou
c)
nos
12
meses
anteriores, quando se desconhece a data de início das lesões primária ou secundária,
ou a data de início do período de latência.
Critérios laboratoriais de
diagnóstico
Demonstração do
Treponema pallidum em amostras de exudado das
lesões ou de aspirado de nódulos linfáticos, através de exame directo em campo escuro
(antes
do início de antibioterapia),
ou
Demonstração do
Treponema pallidum em amostras de exudado das
lesões ou de aspirado de nódulos linfáticos, através do teste de imunofluorescência
de anticorpos
(antes
do início de antibioterapia),
ou
RPR
(rapid plasmatic reagin
-
reagina plasmática rápida)
positivo
para a sífilis, confirmado por
TPHA
(T. pallidum hemagglutination assay
-
teste de hemaglutinação de anticorpos para o
T.
pallidum),
ou
RPR
positivo
para a sífilis, confirmado por
MHA-TP
(microhemagglutination assay for T.
pallidum
-
teste de microhemaglutinação para o
T. pallidum),
ou
RPR
positivo,
confirmado por
FTA-ABS
(fluorescent
treponemal antibodies absorbed
-
anticorpos treponémicos fluorescentes absorvidos),
ou
VDRL
positivo,
confirmado por
TPHA,
ou
VDRL
positivo,
confirmado por
MHA-TP,
ou
VDRL
positivo,
confirmado por
FTA-ABS.
Classificação dos casos
Caso confirmado: caso confirmado laboratorialmente.
Notas
A sífilis é uma
Doença de Declaração Obrigatória em Macau.
Todos os casos confirmados devem ser prontamente notificados à autoridade sanitária
pelos médicos clínicos e laboratórios de análises.
Os casos de
sífilis
primária só devem ser notificados após demonstração laboratorial do
Treponema pallidum em amostras de exudado das
lesões, ou de aspirado de nódulos linfáticos, através de exame directo em campo escuro
ou de teste de imunofluorescência de anticorpos
(antes do início de antibioterapia).
Para os restantes casos podem efectuar-se os exames
VDRL
e
PRP,
os quais devem ser sempre confirmados por
MHA-TP,
TPHA,
ou
FTA-ABS.