Raiva
(CID-10:
A82)
Introdução clínica e
epidemiológica
A raiva humana traduz-se numa encefalomielite viral aguda, geralmente fatal, caracterizada por cefaleias, febre, mal estar geral, hidrofobia, excitabilidade e alterações sensoriais inespecíficas, muitas vezes relacionadas com o local de uma mordedura animal prévia. O quadro clínico inclui muitas vezes espasmos e paralisias musculares, sobretudo respiratórias.
O agente etiológico é o rabdovirus da raiva (género Lyssavirus). Os reservatórios mais importantes do agente são os canídeos domésticos e selvagens. O período de incubação habitual é de 3-8 semanas (variação: de 2 semanas a vários anos). A transmissão do vírus faz-se através da inoculação de saliva, por mordedura de animais infectados.
O
controlo dos doentes inclui:
a)
isolamento rigoroso
(secreções
respiratórias)
com desinfecção concomitante de saliva/expectoração e fómites, durante todo o
período de doença,
b)
limpeza profunda e desinfecção de ferimentos resultantes de mordedura animal,
c)
administração de imunoglobulina e vacina anti-rábicas
(cumprimento
das orientações da bula que acompanha as ampolas, relativamente às doses e
periodicidade das inoculações),
d)
imunoprofilaxia do tétano,
e)
tratamento intensivo de suporte, e
f)
antibioterapia e terapêutica sintomática; não
se recomenda a sutura dos ferimentos, sobretudo se estes forem de pequenas dimensões. O
controlo dos indivíduos que sofreram mordeduras inclui essencialmente a vigilância do
animal
(cerca
de 10 dias)
que, caso adoeça, deve ser abatido para colheita e análise de tecido cerebral; caso se
confirme a doença no animal, o contacto humano deve ser tratado como doente. Nos indivíduos com feridas abertas ou com mucosas
expostas à saliva de pessoas infectadas, também devem ser tratados como doentes.
Critérios laboratoriais de
diagnóstico
Detecção de antigénios virais, por imunofluorescência
directa de anticorpos, em amostras de tecido cerebral
"post-mortem",
pele ou córnea "ante-mortem",
ou
Isolamento-cultura do virus da raiva em amostras de
saliva, tecido do sistema nervoso central, ou líquido cefalo-raquidiano, ou
Identificação de antigénios virais por
PCR
(polimerase chain reaction),
em amostras de tecido cerebral, pele, córnea ou saliva.
Classificação dos casos
Caso suspeito:
doente com quadro clínico compatível;
Caso provável:
doente com quadro clínico compatível e com história de contacto com um animal suspeito;
Caso confirmado:
quadro clínico compatível, confirmado laboratorialmente.
Notas
A raiva humana
é uma Doença
de Declaração Obrigatória em Macau. Todos
os casos suspeitos, prováveis ou confirmados devem ser notificados à autoridade
sanitária pelos médicos clínicos e laboratórios de análises.
Para a raiva animal,
devem considerar-se os seguintes critérios laboratoriais de diagnóstico:
a)
imunofluorescência positiva, em amostras de tecido do sistema nervoso central, ou
b)
isolamento-cultura do vírus da raiva.