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Investigação e Estatística

Identificação do Assunto a Investigar

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a) Quais são as perguntas que o investigador propõe?

Clarifique estas perguntas que quer ver respondidas pelo estudo. Não seja vago. Formule poucas perguntas e restrinja o mais possível os objectivos do seu estudo, caso contrário arrisca-se a sentir-se completamente perdido quando começar o seu trabalho de campo. Quanto menos objectivos um estudo tiver, maiores serão as suas probabilidades de êxito.

Por outro lado, um outro óbice importante em estudos com muitos objectivos é que poderão ser necessários desenhos diferentes de estudo e amostras com dimensões diferentes para os diferentes objectivos, o que complica muito a sua condução.

 

b) Qual a investigabilidade do problema?

É necessário verificar se existem tabus ou outros obstáculos culturais ou políticos que impossibilitem a investigação. Existem ainda questões éticas relativamente à possibilidade de colher alguns dados privados. Alguns estudos experimentais como por exemplo, os ensaios terapêuticos, têm também de seguir normas éticas muito estritas, atendendo à perigosidade para a saúde dos indivíduos que neles participam.

 

c) É pertinente gastar recursos para tentar conseguir respostas a tais perguntas?

É evidente que devemos ter imediatamente o pragmatismo necessário para identificar as perguntas que estão muito para além das nossas possibilidades e recursos. Por outro lado, há aqui também uma questão ética. Mesmo que hajam recursos para investigar um problema, caso este seja menos pertinente que outros problemas existentes, não será ético gastar os recursos nesta investigação, pois isto irá anular a oportunidade de investigar o assunto realmente pertinente. Isto é uma consideração ética importante quando se tem dinheiro para investigar um assunto particular...

 

d) O que é que já se sabe ou foi publicado sobre o assunto?

Trata-se de fazer o enquadramento teórico ou definição conceptual do problema, ou seja, definir o que se sabe de universal sobre o assunto. Repare que aqui é necessário fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema, onde poderemos descobrir que outros já encontraram resposta para algumas das nossas perguntas. Na revisão bibliográfica poderemos também encontrar ideias novas sobre como conduzir o nosso estudo (Anexo 1- A revisão bibliográfica).

Esta definição conceptual do problema permite também identificar as variáveis que deveremos controlar para não confundirem as nossas conclusões.

 

e) Quais são as hipóteses a comprovar?

A enunciação de hipóteses só poderá acontecer se nós tivermos já uma descrição das características do problema. Por exemplo, se estiver descrito que a frequência de uma determinada doença é diferente em duas populações, poderemos formular a hipótese de que essa diferença está associada a uma diferença de um determinado factor de risco entre as duas populações.

Quando falamos em hipóteses estamos a falar de perguntas sobre a relação entre variáveis, para as quais nós vamos tentar encontrar respostas concretas, através da observação planeada dos factos (no caso anterior, a pergunta poderia ser formulada da seguinte forma: está a variável "doença" associada à variável "factor de risco"?)

Repare-se que as hipóteses são apenas fundamentais em estudos analíticos ou experimentais. Um estudo descritivo não necessita de hipóteses: basta-lhe descrever as características do fenómeno.

Índice

Parte 1 - metodologia básica da investigação

1º  Identificação do assunto a investigar

2º  Identificação das variáveis do estudo

3º  Identificação da população e amostra do estudo

4º  Definição do desenho do estudo

5º  Planeamento da recolha e análise dos dados

6º  Interpretação dos resultados (e elaboração do relatório)

Parte 2 - noções de estatística

1. Estatística descritiva

2. Estatística dedutiva

2.1  Intervalos de confiança

2.2  Testes Qui-quadrado e Fisher

2.3  Testes de Student / ANOVA e de Mann-Whitney / Kruskal-Wallis

3. Força da associação

3.1  Estudos de coorte

3.2  Estudos de caso-controlo

Anexo 1 - Revisão bibliográfica

Anexo 2 - Controlo das variáveis interferentes

Anexo 3 - Cálculo da dimensão da amostra

Bibliografia

© António Paula Brito de Pina, 2006